Este estudo está a avaliar as causas da sobrelotação das urgências hospitalares.
Lígia Pinto, investigadora do NIPE – Núcleo de Investigação em Políticas Económicas e Empresariais e professora associada do Departamento de Economia da Universidade do Minho (UM), está a desenvolver o projeto Emergency Department for Care, com o objetivo de entender o que leva as pessoas a usar as urgências de forma inadequada.
Neste projeto, Lígia Pinto está a desenvolver inquéritos junto de utentes admitidos para urgências hospitalares antes da triagem. A ideia é perceber se a percepção do grau de urgência do utente é idêntica ou não à cor da pulseira que lhe é atribuída.
“Uma das causas da procura inadequada das urgências hospitalares poderá passar por uma sobreavaliação da urgência em receber cuidados de saúde, o que poderá explicar a sobrelotação das urgências”, conta.
A sobrelotação das urgências leva a uma menor qualidade da prestação de serviços, derivado ao uso intensivo dos meios técnicos e humanos disponíveis num hospital.
Em Portugal, de acordo com a Triagem de Manchester, as pulseiras azuis e verdes são consideradas uma procura inadequada, por se tratarem de situações não urgentes.
Segundo Lígia Pinto, os números de pulseiras verdes e azuis atribuídas nas urgências dos hospitais portugueses variam entre os 30 e os 40%.
O objetivo deste projeto é entender o porquê desta procura inadequada distinguindo três linhas de acesso às urgências hospitalares, a linha individual, que ocorre quando o indivíduo, por vontade própria, decide recorrer à urgência hospitalar, a linha dos cuidados de saúde primários, quando os utentes são indicados pelo centro de saúde ou pelo médico de família, e a linha Saúde 24, que também é uma forma de acesso à urgência hospitalar
Lígia Pinto pretende entender qual a percentagem de pulseiras verdes e azuis atribuída por estas três diferentes linhas, e se de facto existe uma sobreavaliação do grau de gravidade por parte dos indivíduos quando estes optam por ir à urgência diretamente.
“Adicionalmente temos como objetivo avaliar se a qualidade do serviço prestado nas urgências hospitalares depende ou não do serviço estar sobrelotado. Como avaliadores da qualidade vamos analisar a probabilidade de internamento e o destino após a alta se o internamento aconteceu”, revela.
Os resultados preliminares deste projeto indicam que um dos motivos que levam as pessoas a recorrer às urgências hospitalares é o acesso mais imediato à toma e receita de medicamentos associados ao seu estado de saúde.
Saiba mais sobre a investigadora em: Linkedin | Researchgate | UM