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O impacto da energia eólica na criação de emprego local

O investimento em energia eólica cresceu consideravelmente nas últimas décadas em Portugal (ver figura). Embora o desenvolvimento económico seja usado como argumento para justificar políticas de incentivo ao investimento em energia eólica, existem poucos estudos sobre os efeitos líquidos do mesmo no emprego local. Esta análise é de grande importância para as comunidades locais que recebem estes projetos, que por vezes geram efeitos negativos, nomeadamente ao nível do preço da habitação.

Figura: Evolução da capacidade geradora instalada em Portugal

Fonte: INEGI/APREN, Dezembro 2017.

Recorrendo a dados relativos aos 278 municípios portugueses do continente, ao longo de 21 anos (1997 a 2017), o estudo investigou a existência, distribuição e duração dos impactos do investimento em energia eólica no mercado de trabalho local .

As conclusões indicam que, ao longo dos dois anos de construção de um parque eólico, existe efetivamente uma diminuição do desemprego ao nível local. Este efeito faz-se sentir principalmente  entre a população masculina, na maioria trabalhadores não qualificados (sem formação universitária). No último ano de construção foi possível observar, também, uma diminuição no desemprego feminino.

Uma análise das interações espaciais entre os municípios permite verificar ainda que este efeito sobre a criação de emprego se estende por um raio de 30 km, o que significa que as pessoas estão dispostas a deslocar-se diariamente entre casa e trabalho, mas não a migrar. Durante a fase de operação e de manutenção dos parques eólicos não foram encontrados benefícios significativos para o emprego local, nem impactos de longo prazo.

O estudo conclui ainda que os investimentos em energia eólica geram um efeito positivo, de curto e de longo prazo, nas receitas dos municípios.

A ausência de ganhos significativos a longo prazo sugere que pode haver um desajuste entre as necessidades de mão de obra dos promotores dos parques eólicos e a oferta local. Uma forma de contrariar esta realidade é através da aposta na qualificação da mão de obra residente, para ir ao encontro destas novas necessidades, e assim maximizar os benefícios dos investimentos em energia eólica ao nível municipal.